Projetos Formativos - Agroecologia Sem Violência#


Estamos atravessando um período marcado por mudanças, perdas e retrocessos, que demandam uma profunda reflexão sobre nosso papel na sociedade e nossa relação com a natureza. Nos encontramos à beira do ponto de não retorno em relação aos principais biomas brasileiros, como a Amazônia, o Cerrado, a Caatinga e o Pampa, onde o bioma da Mata Atlântica já alcançou esse estágio há muito tempo. Este ponto crítico evidencia como a ganância humana tem se sobreposto à natureza, acarretando consequências ambientais que não podem mais ser revertidas de forma natural, resultando em um declínio sem precedentes e cada vez mais rápido.

Paralelamente, enfrentamos uma crise social igualmente crucial, que é a violência contra as mulheres. Além disso, não podemos ignorar questões como o racismo, a escravidão moderna, a homofobia e o genocídio da juventude negra, entre outras. Dados estatísticos revelam uma verdadeira guerra silenciosa e implacável contra esses grupos marginalizados.

O Brasil ocupa a quinta posição no mundo em taxas de feminicídio, com 35 mulheres sendo agredidas a cada minuto no país e cerca de 13 mortes violentas diárias. Foram expedidos no ano de 2022 445.465 medidas protetivas em todo Brasil, sendo 60 mil no RS, 33.844 no PR e 1.563 em SC, a vítimas de violência doméstica.

Essas realidades exigem não apenas uma reflexão profunda, mas também ação urgente e efetiva por parte da sociedade e das autoridades competentes. É fundamental promover mudanças estruturais e políticas que abordem tanto a degradação ambiental quanto a injustiça social, garantindo um futuro mais justo, seguro e sustentável para todos os indivíduos e para o planeta como um todo.

O movimento agroecológico surge como uma importante ferramenta na luta contra a degradação ambiental e a violência sistemática direcionada às mulheres, negros, indígenas e quilombolas. Sua missão é crucial, pois busca interromper o ciclo de violência e construir a sustentabilidade ambiental e social tão desejada por todos.

É urgente a implementação de projetos formativos contínuos que abordem essas questões cruciais às quais estamos expostos. Esses projetos devem ter a capacidade de confrontar de forma direta as feridas sociais e ambientais, assumindo um papel de protagonismo na busca por mudanças efetivas.

Somente ao enfrentar esses desafios de frente e promover a conscientização e a ação coletiva é que poderemos avançar em direção a uma sociedade mais fraterna, justa e solidária. O engajamento ativo no movimento agroecológico e em iniciativas similares é fundamental para alcançar esse objetivo comum.

Diante do exposto, a coordenação geral da Ecovida demonstra sua preocupação com os temas críticos da violência contra mulheres, escravidão moderna, racismo, homofobia, violência contra indígenas e quilombolas, e o extermínio das juventudes. Reconhecendo a importância de abordar essas questões, a coordenação orienta seus núcleos a incluírem esses temas em etapas formativas para todos os agricultores e agricultoras ao longo do ano de 2024.

A última reunião, realizada em março de 2024, no município de Lages/SC, ressaltou a necessidade de conscientização e ação contra essas formas de violência, reconhecendo que o lema “Sem feminismo não há agroecologia”, levantado em um dos Encontros Ampliados da Rede Ecovida de Agroecologia (EARE), reflete a interconexão entre a luta pela igualdade de gênero e a prática da agroecologia.

drawing

Essa iniciativa visa não apenas sensibilizar as agricultoras e agricultores sobre a gravidade dessas questões, mas também capacitá-los para serem agentes de mudança em suas comunidades. Ao integrar esses temas nas atividades formativas, a Ecovida reafirma seu compromisso com uma agricultura sustentável e socialmente justa, contribuindo para a construção de uma sociedade mais inclusiva e solidária.

Coordenação Geral

Rede Ecovida de Agroecologia